domingo, 25 de abril de 2010

Três andares

Três andares
Os três primeiros andares
Três janelas
As três janelas acesas

Três acordados enoitecidos
Três covardes do sono
Três covardes da vista
Ou três sonos interrompidos

Três noites mal dormidas
Três noites bem acordadas
Três mulheres descontroladas

As luzes continuam acesas até que o sol venha impor seu descontentamento. Os raios desabam por entre nuvens de uma manhã nublada, um desaforo à vaidade das mulheres que acordam.

Ainda com os cabelos despenteados, mas sem o habitual riso do canto dos lábios elas vão fazer aquilo que não precisam fazer e fogem como quem foge de uma tempestade de ressaca moral.

Os homens, agora molhados, perdem todos os seus argumentos ao perceberem que usaram as toalhas recém usadas.

J.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

O poeta de Marte

Quero começar o disparate
Com meu veneno tradicional
Ainda que não mortal
Espalhado por toda parte

Posso continuar com rima
Como se fosse um poeta de Marte
Rimando os versos de cima
Pintar estrelas no escuro
Improvisar um lugar mais seguro
Antes que a terra se acabe

Na minha mala esquecerei
Da preta que não mereço
E é dela que levo saudade
Dos amigos extraviados
De certo Diogo que é viado
E do vizinho que não me cabe

Em Marte pretendo pensar
Em Antônio o zelador
Poeta por acidente
Nas coisas que deixei de levar
Nos peitos que eu deixei de mamar
E nas coxas de minha mente

Pra Marte os problemas pequenos
Poemas ingênuos
Um político do gênero
Um atirador de elite
Pra furar as estrelas que nunca viste
Do trono do teu império

Para as dores todos os remédios
Inclusive os artificiais
Para problemas espaciais
E a mulata Ludovina
Com cara de menina
Para os sentimentais

Sem mais demora
Parto antes do fim do mundo
E do caos de cada hora
Levando cada segundo
Parto antes do fim do mundo
Antes que o mundo me ponha pra fora


J.